O baixo astral 
Enquanto  dura  o  baixo  astral,  perco  tudo.  As  coisas  caem  dos  meus  bolsos  e  da  minha  memória:  perco  chaves,  canetas,  dinheiro,  documentos,  nomes,  caras,  palavras.  Eu  não  sei  se  será  mal  olhado.  Pura  casualidade,  mas  às  vezes  a  depressão  demora  em  ir  embora  e  eu  ando  de  perda  em  perda,  perco  o  que  encontro,  não  encontro  o  que  busco,  e  sinto  medo  de  que  numa  dessas  distrações  acabe  deixando  a  vida  cair.
(Eduardo Galeano)
Estes escritos me caem  como uma luva.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
A pálida
No café da manhã, minhas certezas servem-se de dúvidas.E têm dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu e em qualquer outra parte. Nesses dias,dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é o meu lugar e não consigo me reconhecer em nada, em ninguém. As palavras não se parecem àquilo que dão nome, e não se parecem nem mesmo ao seu próprio som. Então não estou onde estou. Deixo meu corpo e saio, para longe, para lugar nenhum, e não quero estar com ninguém, nem mesmo comigo,e não tenho,nem quero ter, nome algum:  então perco a vontade de me chamar ou de ser chamado.
(Eduardo Galeano)
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